Descrição
Planta de forragem anual,
que cresce de 45-100 cm de altura. Os caules são eretos e suaves. Tem folhas trifoliadas,
os folíolos têm cerca de 2 cm de comprimento por 0,5 cm de largura; as flores
são azuis, apoiadas num cacho denso; o fruto é uma leguminosa espiral.
Parte utilizada
Sumidades aéreos e
sementes.
Princípios ativos
Saponosidos, cujos genes
são derivados do oleano: neutro (sojasapogenois), ou ácidos (ácido medicagínico,
hederagenina, ácido oleanólico).
Fitosterois: sitosterol, espinasterol,
estigmasterol, cicloartenol e campestrol.
Derivados da cumarina:
cumestrol, medicagol, sativol, trifoliol, lucernol, dafnoretina.
Flavonas e isoflavonas:
genisteina, biocanina A, formononenina, daidzeína.
Vestígios de alcaloides
(nas sementes): trigonellina, estaquidrina e homeostaquidrina.
Sais minerais (10%):
cálcio (CaO é responsável por mais de 30% das cinzas), potássio, fósforo,
ferro, zinco, cobre, selénio, manganês, sílica, etc.
Carotenóides e clorofila.
Ácidos orgânicos: málico,
oxálico, malónico, quinico.
Proteínas (20% em folhas
secas). Enzimas: lipasa, amilasa, pectinasa, emulsina, coagulasa, invertasa e
proteasas.
Vitaminas: destaca o seu
conteúdo em vitamina K e C (400 mg / 100 g de folhas secas). Contém também vitamina A (6 a 7 mg por 100
g), B1, B6, B12, E, ácido pantoténico
(33mg/100g), ácido fólico (3mg/100g), colina (1,85mg/100g), B12 (vestígios).
Destaca-se também pelo
seu conteúdo em Vitamina U (metilemetionina)
Fosfolípidos: lecitina
(fosfatídila-colina) e cefalina (fosfatidil-etanolamina).
Taninos.
Ação farmacológica
A alfalfa é considerada
uma boa fonte de vitaminas e minerais.
Atividade estrogénica
devido principalmente aos derivados da cumarina, especialmente o cumestrol, com
uma estrutura semelhante ao estradiol, mas também às isoflavonas. Esta atividade
estrogénica é máxima na primavera (maio) e diminui até que seja praticamente nula
no verão (julho).
Anti-hemorrágica (vitamina
K).
Vitamina K, A, E.
Ação de redução de
lípidos devido ao seu conteúdo em saponosidos, que afetam a absorção e excreção
do colesterol, uma vez que formam complexos insolúveis não absorvíveis a nível
intestinal. Em animais de laboratório, a administração do extrato de alfalfa
produziu uma redução significativa nos níveis de colesterol total,
fosfolípidos, triglicéridos, colesterol LDL e VLDL e um aumento simultâneo na
fração HDL-colesterol/colesterol total.
Remineralizante (sais
minerais).
Efeito anti-ulceroso
devido à ação da vitamina U, mas também devido ao seu conteúdo de
bioflavonoides, vitaminas A e C e pela ação das enzimas que promovem a
digestão.
Antiartrítica pelas
saponinas triterpénicas.
Foi encontrada uma
substância com ação antigonadotropa, capaz de interferir com a hormona
luteinizante (LH).
Um agente antifúngico foi
isolado da raiz da alfalfa, especialmente ativo contra os Cryptococcus neoformans,
que causa criptococóse.
São-lhe atribuídas outras
ações: diurética, anti-degenerativa, aumento da produção de leite, estimula o
apetite, remineralizante (cálcio, fósforo, magnésio).
Indicações
A alfalfa é uma planta de
grande valor nutricional, bem como um bom elemento terapêutico.
Anemia. A alfalfa é
tradicionalmente usada para o tratamento da anemia, devido ao défice vitamínico ou de minerais.
Convalescença, estados
de carência, má nutrição e emagrecimento.
Hemorragias em geral.
Hipercolesterolemias e
hipertrigliceridemias.
Arteriosclerose.
Menopausa.
Osteoporose.
Contraindicações
Gravidez. Devido ao seu
efeito estrogénico, pode induzir abortos espontâneos. Estudos realizados em
animais experimentais, utilizando doses várias vezes superiores às humanas,
demonstraram a existência de efeitos embriotóxicos e/ou teratogénicos numa ou
mais das espécies estudadas; no entanto, não foram realizados ensaios clínicos
em seres humanos, pelo que a utilização da alfalfa só é aceite em caso de
ausência de alternativas terapêuticas mais seguras.
Lactação. Os compostos
estrogénicos podem passar para o leite materno e provocar efeitos adversos no
bebé.
Lúpus eritematoso
sistémico. A reativação desta doença tem sido observada em macacos, depois de serem
alimentados com sementes de alfalfa. Isto deve-se à presença nas sementes, mas
não na planta madura, da canavanina.
Precauções
Foi registada, em animais
de laboratório, uma ação hemolítica dos saponosidos.
Alguns investigadores relacionam
a ingestão de alfalfa à pancitopenia e à reativação do lúpus eritematoso
sistémico nas pessoas. O elemento responsável parece estar em ambos os casos, o
sulfato L-canavanina.
Foi registada a
ocorrência de um caso de esplenomegalia com pancitopenia, numa mulher de 59
anos, após o consumo continuado de sementes de alfalfa germinada. Além disso, a
reativação desta doença tem sido observada em macacos depois de serem alimentados
com sementes de alfalfa.
Interações
A adequação, ou não, da sua administração deve ser avaliada devido à ação anti-hemorrágica da vitamina K.
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