Descrição
Planta herbácea vivaz, fornecida
com estolhos. Folhas com pecíolo comprido e contorno reniforme. Inflorescência
em umbela simples com poucas flores. Pequenas flores com 5 pétalas ovais de cor rosa-violeta. Fruto em
diaquénio orbicular, disciforme, muito comprimido lateralmente.
Distribuída por regiões
tropicais: Madagáscar, Índia e Indonésia.
Parte utilizada
Utiliza-se, como fármaco,
a sumidade aérea.
Princípios ativos
Derivados triterpénicos:
ésteres de glicídeos e de álcoois pentacíclicos, entre os quais se destacam o
asiaticósido, o centellósido, bramósido, o braminósido e o ácido medecásico.
Taninos (24%): derivados
do ácido tânico.
Óleo essencial (0,8-1%)
rico em cineol, cânfora, farneseno, germacreno e cariofilileno.
Fitoesteróis:
estigmasterol, campestrol e -esistosterol
Mucilagnes, pectinas,
vitamina C, resina e um alcaloide (hidrocotillina)
Flavonoides derivados de
quercetina e kemferol
Ácidos gordos: linoleico,
linolenico, oleico, palmítico e esteárico.
Aminoácidos livres:
alanina, serina, aspartato, glutamato, liseina, treonina e aminobutirato.
Ação farmacológica
Cicatrizante: o asiaticósido
estimula a ativação do fibroblasto, tendo assim um efeito de reepiteliação, ao
estimular a produção de colagénio I (proteína-chave na cura de feridas) in
vitro. Da mesma forma, o asiaticósido aumenta, nos ratos, a força de tração da
pele recém-formada, promovendo a cicatrização das feridas.
Também inibe o processo
inflamatório que pode levar à hipertrofia nas cicatrizes.
Estimula a reparação das
mucosas.
Venotónico e vasoprotector
capilarotropo. Aumenta a resistência das paredes vasculares, reduzindo o edema
e a fragilidade capilar (ásiaticósido e vitamina C). Esta ação venotónica foi confirmada tanto em
animais experimentais como em seres humanos.
Nos pacientes com insufiência
venosa, dá-se uma aceleração do metabolismo dos mucopolisacarídeos. Após a
administração de 60 mg da fração total de triterpenos, durante três meses,
observou-se uma regulação do metabolismo do conetivo das paredes vasculares,
patenteada por uma redução muito acentuada dos níveis de ácido urónico e das
enzimas lisossomais relacionados com o metabolismo dos mucopolisacarídeos
(-glucuronidasa, -N-acetil-glucosaminidasa, arilsulfatasa)
Adstringente (taninos) e
antipruritiginosos (mucilages, fitoesteróis, asiaticosíedo) no uso externo.
Antisséptico (óleo
essencial e taninos).
Em animais experimentais,
observou-se atividade antiulcerosa, antiviríca e imunomoduladora.
A atividade
antiproliferativa, in vitro, dos queratinócitos pode sugerir o uso potencial
como antipsoritário.
Indicações
Uso tópico
Tratamento tópico de chagas,
úlceras tróficas e varicosas, ulcerações córneas, prurido, eczema, psoríase, quelóides,
estrias e celulite. Cervicite, vulvovaginite. Lesões derivadas da terapia do
cobalto.
Uso interno
Úlceras
gastrointestinais.
Insuficiências venosas.
Microangiopatias
hipertensivas e diabéticas.
Vários estudos clínicos
sugerem a sua utilidade na prevenção de problemas circulatórios em voos de
média e longa distância.
Toxicidade
Em doses elevadas, o óleo
essencial pode causar dores de cabeça, tonturas, hipotensão e insuficiência
respiratória. A fração triterpénica é menos tóxica e, portanto, mais
recomendada para uso interno.
Topicamente, foi descrita
hipersensibilidade aos componentes triterpénicos do extrato hidroalcoólico.
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