Descrição
É uma planta da família
Zingiberaceae, originária do Sudeste Asiático. É conhecida mundialmente como
uma especiaria aromática, usada na cozinha asiática para dar um toque de cor e
sabor picante aos pratos.
Trata-se de uma planta
herbácea perene, com cerca de 2 metros de altura. Tem folhas longas, lanceoladas
e petioladas, de um verde uniforme. A cúrcuma é um triploide estéril que
raramente floresce, mas quando o faz, as suas flores são amarelas opacas, com
tendência para o branco, reunidas em brácteas de 3 a 5 flores; a inflorescência
é cor-de-rosa, sendo mais intensa na parte terminal superior. As raízes ou
tubérculos são oblongopalmeados, enrugados no exterior, castanhos por fora e
laranja profundo no interior. É esta rizoma que faz da cúrcuma uma planta
realmente interessante do ponto de vista gastronómico, medicinal, alimentar e
cosmético. Não existe formação de sementes e, portanto, a planta reproduz-se
vegetativamente através de rebentos a partir da rizoma.
Parte utilizada
Utiliza-se a rizoma
Princípios ativos
Curcuminoides (3-5%):
curcumina (a maioritária e mais importante), monodesmetoxicurcumina e
bisdesmetoxicurcumina também são encontradas. São os compostos responsáveis
pela cor amarela-alaranjada da planta.
Óleo essencial (20-70
mg/kg), rico em carbonetos de terpenos
(zingibereno, β e δ-curcumeno, α-curcumeno) e cetonas de sesquiterpénicas
(turmeronas). O óleo essencial confere o cheiro característico a esta raiz.
Polissacarídeos (40-45%)
principalmente arabinogalactanas (ukonanas A e C).
Minerais (3-5%): cálcio,
ferro, magnésio, fósforo, potássio, sódio e zinco.
Vitaminas: C, B1, B2, B3, B6, folato, α-toroferol, K.
Outros: carotenos e
péptidos solúveis em água.
Ação farmacológica
Anti-inflamatória (tanto
em quadros de inflamação aguda como crónica). A curcumina demonstrou ter
capacidade para inibir as enzimas 2-ciclooxigenasa, 5-lipooxogenasa e óxido
nítrico sintasa indutível (iNOS), impedir a ativação de certos fatores de
transcrição e diminuir a concentração de citocinas pró-inflamatórias (TNF-α,
IL-1, IL-2, IL-6, IL-8, IL-12) e fatores quimionotáticos.
Hepatoprotetor: in vivo e
in vitro, contra a ação citotóxica do tetracloreto de carbono, que parece dever-se
à presença de curcumina.
Antiulcerosa e
citoprotetora. Inibe o crescimento da Helicobacter pylori.
Colerética e colagoga.
Estimulante do apetite.
Antioxidante e
anti-inflamatória.
Antibacteriana, antiviral
e antifúngica.
Efeitos na glicemia:
alguns estudos mostram que, após a administração da cúrcuma, a concentração de
insulina pós-prandial aumenta, o que sugere que esta planta produz algum efeito
na secreção de insulina. Mas além disso, a cúrcuma melhora a sensibilidade à
insulina através de um mecanismo mediado pelos recetores PPARγ.
Ação no SNC: A curcumina
demonstrou atividade neuroprotetora, anticonvulsante, antidepressiva,
antisstress e ansiolítica. Entre os mecanismos de ação propostos está a
inibição seletiva da enzima iNOS (óxido nítrico sintasa indutível).
Anticancerígena: face a
diferentes linhas celulares, especialmente em processos relacionados com o aaprelho
digestivo. No que diz respeito ao colangiocarcinoma, cancro das células
biliares, a curcumina inibiu a proliferação celular e induziu a apoptose destas
células através de diferentes mecanismos, tais como a inibição da ativação do
fator nuclear (NF)-κB ou a indução da expressão de recetores ativados por proliferadores
de peroxisomas gamma (PPR-γ). Também impediu a proliferação de células do cancro
do cólon.
Indicações
Osteoartrite, doenças
reumáticas: par aliviar a dor e a inflamação.
Digestão lenta e pesada,
com sensação de plenitude, meteorismo.
Úlcera péptica, gastrite.
Síndrome pré-menstrual,
dismenorreia.
Dores neuropáticas:
ciática, neuropatia diabética ou alcoólica, neuroinflamação induzida por
quimioterapia, lesões na espinal medula.
Outras indicações: coadjuvante
no tratamento da diabetes, hiperlipemias, síndrome metabólica, doenças
hepáticas, cancro, depressão, Parkinson, deterioração cognitiva.
Contraindicações
Gravidez e lactação.
Obstrução dos canais
biliares, colangite, pedras e outras alterações biliares.
Situações em risco de
hemorragia, tais como: problemas de cogulação ou cirurgias futuras ou recentes.
Precauções
Diabetes.
Em pessoas sensíveis,
pode aumentar o risco de lítiase renal.
Interações com medicamentos
Anticoagulantes orais.
Embora nenhuma interação
tenha sido descrita, devido ao seu efeito hipoglicémico, a cúrcuma pode
potenciar o efeito dos medicamentos hipoglicemiantes.
Efeitos secundários
Boca seca.
Flatulência.
Irritação gástrica.
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