Descrição
Planta herbácea bianual,
que mede entre 30 e 80 cm de altura, com um caule coberto com pelos. As folhas
são estreitas, ovais, lanceoladas, largas, peludas e de aspecto sedoso. As
flores são amarelas, compostas por 5 pétalas, duas pétalas superiores mais
pequenas e 3 inferiores maiores, todas cobertas externamente por uma penugem felpuda
branca. Estames isolados, amarelo-avermelhados, com filamentos tomentosos e anteras
dispostas transversalmente, ou amarelos com filamentos glabros. Os seus frutos
são pequenos e é uma cápsula em forma de ovóide que contém bastantes sementes.
Floresce entre maio e
agosto. Encontra-se na Europa e na Ásia Ocidental e habita climas quentes,
semi-quentes e temperados. Cresce em terras abandonadas e beiras de estradas.
Os seus caules foram
usados como tochas, uma vez secos e submersos no sebo. Era considerada erva
mágica. São utilizadas também as espécies V. thapsiforme e V. phlomóides.
Acredita-se que o verdadeiro significado do termo verbascum provém da palavra
latina Barbascum, que significa "barba", aludindo ao grande número de
pelos que cobrem a planta, os quais a defendem dos ataques dos insetos. Na
época romana, as mulheres usavam a água de verbasco para dar um tom loiro
dourado ao cabelo, graças à cor que as flores libertavam na água.
Parte utilizada
Podem ser utilizadas as
folhas, raízes e flores, sendo estas últimas as mais recomendadas por terem um
teor mais elevado de princípios ativos.
Princípios ativos
Mucilagem abundante (3%)
constituída por uma mistura de numerosos polissacarídeos, entre eles um xiloglicano,
um arabinogalactano e um arabinogalactano ácido. Por hidrólise dá 47% de
D-galactosa, 25% de arabinosa, 14% de D-glicose, 6% de D-xilosea 4% de L-ramnosa,
2% de D-manosa, 1% de L-fucosa e 12,5% de ácidos urónicos.
Glicosídeos iridoides:
aucubosídeo (escurece a planta uma vez colhida), acubina, 6-beta-xilosil-aucubina,
catalpol, 6-beta-xilosil-catalpol, metilcatalpol, isocatalpol, harpagosídeo e
harpagido, etc.
Flavonoides: hesperidosídeo,
luteolol, apigenol, kenferol, dismina, rutosídeo e quercetina. O verbascosídeo
é um inibidor da lipooxigenasa dos leucócitos e o resto dos flavonoides inibem
a secreção histaminica dos mastocitos.
Ácidos fenólicos: ésteres
de ácido cafeico, ferúlico, protocatéquico, derivados do ácido benzoico, etc.
Saponinas triterpénicas
(vestígios): verbascosaponinas e outras.
Derivados do fenilpropano:
Verbascosídeo.
Outros: óleo essencial,
pigmentos carotenóides, esteróis (disprolactona), açúcares simples, açúcar
invertido (11%), taninos e talvez algum alcaloide.
Ação farmacológica
Suavizante e emoliente
(mucilagem).
Expectorante e fluidificante
de secreções brônquicas (saponinas). O verbasco atua diretamente no epitélio
brônquico, exercendo um efeito irritante e aumentando a produção de secreções
broncoalveolares.
Antitussivo. As
mucilagens do verbasco exercem um efeito calmante sobre a mucosa respiratória,
inibindo o reflexo da tosse.
Anti-inflamatório
(harpagosídep, harpágido, iridoides).
Antiasmático (verbascosídeo
que é um inibidor da lipoxigenasa dos leucócitos e o resto dos flavonoides
inibem a secreção histamínica dos mastocitos).
Ligeira ação sedativa
cardíaca (aumenta a força da contração e diminui a frequência cardíaca).
Anti-hipertensivo
(ésteres de ácido cafeico, verbascosídeo).
Sudorífico e diurético.
Ação antibacteriana e
antifúngica (iridoides, especialmente o aucubosídeo, e os ésteres do ácido cafeico). In vitro apresenta uma ação
antiviral, especialmente contra os vírus da gripe A e B e herpes simples tipo
I.
Uso externo é antipruriginoso.
Uma espécie deste género,
V. nobile, demonstrou uma ação hipotensiva (flavonoides).
O aucabosídeo apresenta
atividade purgativa em ratos, com uma potência ligeiramente superior à dos
senosídeos.
Indicações
Afeções digestivas:
esofagite, gastrite, diarreia.
Afeções respiratórias:
bronquite, asma, angina, tosse, traqueíte, laringite, faringite, etc.
Enurese noturna.
Utilização tópica:
eczema, dermatite, prurido, hemorróidas, úlceras varicosas, feridas, maturação
de cereais, etc.
As sementes contêm abundantes
saponosídeos ictiotóxicos (às vezes são utilizadas para a pesca furtiva,
fortemente punível por lei).
Contraindicações
Não foram reportadas
contraindicações ou interações.
No entanto, o verbasco
não é recomendado para usar durante a gravidez e lactação devido à ausência de
dados que avaliem a sua segurança.
Gravidez: Foram
realizados estudos em várias espécies de animais, utilizando doses várias vezes
superiores às humanas, sem que tenham sido registados efeitos embriotóxicos ou
teratogénicos; no entanto, não foram realizados ensaios clínicos em seres humanos,
pelo que a utilização de verbasco só é aceite em caso de ausência de
alternativas terapêuticas mais seguras.
Lactação: Não se sabe se
os componentes do verbasco são excretados em quantidades significativas com o leite
materno, e se isso pode afetar a criança. Recomenda-se suspender a amamentação
ou evitar a administração de verbasco.
Precauções
Se tomado sob a forma de
tisanas, recomenda-se a utilização de um filtro fino (algodão ou papel) para
evitar que passem frações dos pêlos tectores e dos pêlos compridos do filamento
peludo dos estames para o líquido filtrado, provocando uma irritação da mucosa
orofaringe e desencadeando desagradáveis ataques de tosse persistente.
O aucubosídeo, em doses
elevadas, pode gerar um efeito purgante, que se manifesta, aproximadamente,
seis horas após a sua administração.
Efeitos secundários e
interações
Não foram relatados
efeitos secundários.
Não foram reportadas
interações com medicamentos. No entanto, a presença de mucilagens significa que
existe um risco potencial de interação, porque as mucilagens podem atrasar ou
diminuir a absorção oral de outros princípios ativos. Por conseguinte,
recomenda-se distanciar as dosagens de verbasco de outros princípios ativos.
Sobredosagem
Não há efeitos de
sobredosagem conhecidos.
Estudos clínicos sobre a atividade antiviral:
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