Descrição
Planta herbácea perene.
Caule branco peludo, quadrangular e duro, com pêlos simples e estrelados,
eretos ou ascendentes, até 1 m de altura, mas geralmente muito mais curtos. As
folhas com peciolos lanosos, de 0,5 a 3,5 cm de largura, subsessil as da parte
superior, limbo oval ou orbicular, de 1,5-5 cm de comprimento por 1-5 cm de
largura, ápice obtuso ou arredondado, borda crenada, pubescência lanosa,
principalmente na parte inferior. As inflorescências são pequenas, agrupam-se
em verticilastros axilares, subglobosos, com cerca de 1,5 cm de diâmetro, com
muitas flores, brácteas mais curtas que o cálice, com o ápice recurvado. Cálice
tubular, 10 dentes, 3-7 mm de comprimento, dentes terminados em espinhas curvas. Corola branca, 5-8 mm de comprimento, tubo incluso no cálice;
filamentos subulados, anteras divergentes; estilo de 3-6 mm de comprimento;
mericarpios ovais, castanhos, cerca de 2,5 mm de comprimento, finamente
granulados. Pertence à família das Lamiaceaes (labiadas).
Cresce à beira das
estradas, margens, encostas expostas ao sol. A planta cresce em climas
temperados e bastante secos, numa precipitação de 280-650 mm por ano. Suporta
todo o tipo de solos , embora seja preferível seco, arenoso e leve, não
combinando os argilosos compactos.
A colheita de caules com
folhas e flores é realizada entre maio e setembro, cortando os caules a 10 cm
do solo; em outubro pode ser feito um segundo corte.
Parte utilizada
As folhas e as sumidades floridas.
Princípios ativos
Príncipios amargos, o mais importante é a
marrubina (lactona diterpenica, que carrega um
núcleo labdanofurânico, cujo precursor em planta fresca é a premarrubina),
álcoois terpénicos como o peregrinol, vulgarol, marrubiol,marrubenol, fitol.
Flavonoides: apigenina,
luteolina e seus derivados 7-glucosídeos, 7-lactato, 7-(2-glicosil)lactato e
7-(2-glicurosil)lactato, quercetina e os correspondentes 3-glicosídeo e
3-ramnoglicosídeo, vitexina, vicenina II e crisoeriol.
Sais minerais ricos em
potássio e ferro.
Saponinas.
Vestígios de óleo
essencial (0,05-0,06%), constituído principalmente por triciclenos, -pineno,
bisabolol, -elemona e isomenton-8-tiol, monoterpenos como camfeno, p-cimeno,
fenchona.
Taninos (7%).
Mucilagens.
Ácidos-fenóis: ácido cafeico,
clorogénico, 1-cafeilquínico, criptoclorogénico, etc.
Colina.
Alcaloides (0,3%):
betonicina e estaquidrina
Outros componentes:
esteroides (beta-sitosterol), ácido ursolico, antraquinonas (crisofanol,
aloemodina e dantron).
Ação farmacológica
Expectoante e fluidificante
das secreções brônquicas (princípios amargos, saponinas, óleo essencial). O marroio
atua diretamente no epitélio brônquico, exercendo um efeito irritante e
aumentando a produção de secreções bronquioalveolares. Também aumentam a
atividade dos cílios bronquiais.
Febrifugo (princípios
amargos).
Tónico amargo, eupepático
e estimulante do apetite. O marroio estimula as papilas gustativas, as quais por
um efeito reflexo, aumentam a produção de sucos gastrointestinais, estimulando o
apetite (princípios amargos, ácidos fenólicos).
Diurético (flavonoides).
Antiespasmódico.
Colerético e colagogo
(para alguns autores esta ação deve-se ao ácido marrúbico, obtido pela
saponificação e abertura do anel da lactona da marrubina e aos ácidos-fenois).
A nível cardíaco, foi comprovada
a sua ação hipotensiva, vasodilatadora, sedativa cardíaca leve e ação
antiarrítmica (não se sabe porquê).
Analgésico.
Hipoglicémico
(marrubina).
De acordo com alguns
autores, o marroio é usado na obesidade, uma vez que foi observado que provoca
emagrecimento.
Outros autores também
relatam que pode alterar o ciclo menstrual das mulheres e alguma atividade
uterogénica tem sido mostrada em estudos realizados em animais.
Indicações
Utilização interna:
Afeções pulmonares:
bronquite, asma, constipações, gripe, etc.
Alterações digestivas:
falta de apetite, digestão lenta, flatulência, aerofagia, diarreia, prisão de
ventre, etc.
Em todos os tipos de
febre: infecciosa ou intestinal, colibacilose, tifo, malária, febre de Malta,
etc.
Nas taquicardias e
arritmias cardíacas associa-se ao espinheiro-alvar.
Afeções genitourinárias:
cistite, ureterite, uretrite, pielonefrite, oligúria, urolitíase, etc.
Hiperazotemia,
hiperuricemia, gota.
hipertensão arterial.
Edemas.
Excesso de peso
acompanhado de retenção de líquidos.
Utilização externa:
Estomatite, faringite.
Lesões na pele, úlceras
na pele.
Contraindicações
Hipersensibilidade a
qualquer um dos seus componentes.
Gastrite, úlceras
gastroduodenais, dispepsias hipersecretórias (lactonas sesquiterpénicas estimulam a secreção cloropeptica).
Gravidez, lactação e
crianças com menos de 2 anos devido à ausência de dados que avaliem a sua
segurança.
O marroio altera o ciclo
menstrual de uma mulher e demonstrou-se atividade uterogénica e o efeito
abortivo em animais experimentais.
Precauções e Interações com
medicamentos
Não foram descritos.
Efeitos secundários e
toxicidade
Não foram descritos nas
doses recomendadas.
É um fármaco de carácter amargo-salino,
por isso pode não ser bem tolerado em caso de gastroenterite ou síndromes que
ocorrem com náuseas ou vómitos. Quando prescrito em tisanas, recomendamos que o
associem a corretores organolépticos, de preferência casca de laranja amarga ou
menta.
Estudo sobre a sua ação analgésica:
* De Jesus RA, Cechinel-Filho V, Oliveira AE, Schlemper V. Nucleo de Investigacoes Quimico-Farmaceuticas, Curso de Farmacia/Centro de Ciencias da Saude, Universidade do Vale do Itajai, SC, Brazil. Analysis of the antinociceptive properties of marrubiin isolated from Marrubium vulgare. Phytomedicine. 2000 Apr;7(2):111-5. PMID: 10839213 [PubMed-indexed for MEDLINE].
A marrubiina mostrou atividade dose-dependente nos modelos de quimionocicepção em ratos, ainda que não em termonocicepção. O mecanismo de ação não está relacionado com o sistema opioide.
Estudos sobre a sua ação anti-inflamatória:
* Está a ser avaliada a atividade anti-inflamatória de extractos hidroalcoólicos de folhas de malva rubia, Marrubium vulgare, em diferentes ensaios levados a cabo em ratos. BOERIS, Mónica OCHOA, Gonzalo; MANSO, Daniel; TOSO, Ricardo.
* Sahpaz S, Garbacki N, Tits M, Bailleul F. Laboratoire de Pharmacognosie, Faculte des Sciences Pharmaceutiques et Biologiques, B.P. 83, F-59006, Lille, Cedex, France. Isolation and pharmacological activity of phenylpropanoid esters from Marrubium vulgare. J Ethnopharmacol. 2002 Mar;79(3):389-92. PMID: 11849848 [PubMed-indexed for MEDLINE].
Estudo sobre a sua ação antioxidante:
* VanderJagt TJ, Ghattas R, VanderJagt DJ, Crossey M, Glew RH. Department of Biochemistry and Molecular Biology, University of New Mexico School of Medicine, Albuquerque 87131-5221, USA. Comparison of the total antioxidant content of 30 widely used medicinal plants of New Mexico. Life Sci. 2002 Jan 18;70(9):1035-40. PMID: 11860152 [PubMed-indexed for MEDLINE].
Estudos sobre a sua ação hipoglicemiante:
* Novaes AP, Rossi C, Poffo C, Pretti Junior E, Oliveira AE, Schlemper V, Niero R, Cechinel-Filho V, Burger C. Nucleo de Investigacoes Quimico-Farmaceuticas (NIQFAR), Centro de Ensino Superior em Ciencias da Saude (CCS), Universidade do Vale do Itajai, UNIVALI, Rua Uruguai 458, 88302-202, Itajai, SC, Brazil. Preliminary evaluation of the hypoglycemic effect of some Brazilian medicinal plants. Therapie. 2001 Jul-Aug;56(4):427-30. PMID: 11677867 [PubMed-indexed for MEDLINE].
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Estudo sobre a sua ação antiespasmódica:
* O extrato hidroalcoólico mostrou atividade antiespasmódica, in vitro, en vários modelos experimentais animais, incluindo diferentes tipos de tecidos de músculo liso, o que contribuiu para justificar a sua utilização popular em problemas digestivos e respiratórios.
* El Bardai S, Morel N, Wibo M, Fabre N, Llabres G, Lyoussi B, Quetin-Leclercq J. The vasorelaxant activity of marrubenol and marrubiin from Marrubium vulgare. Planta Med. 2003 Jan;69(1):75-7. PMID: 12567286 [PubMed-indexed for MEDLINE].
* El Bardai S, Hamaide MC, Lyoussi B, Quetin-Leclercq J, Morel N, Wibo M. Laboratoire de Pharmacologie, Universite Catholique de Louvain, UCL 5410, Avenue Hippocrate, 54, B-1200 Brussels, Belgium. Marrubenol interacts with the phenylalkylamine binding site of the L-type calcium channel. Eur J Pharmacol. 2004 May 25;492(2-3):269-72. PMID: 15178374 [PubMed-in process].
* El-Bardai S, Wibo M, Hamaide MC, Lyoussi B, Quetin-Leclercq J, Morel N. Laboratoire de Pharmacologie, Universite catholique de Louvain, UCL 5410, Avenue Hippocrate, 54, Bruxelles B-1200, Belgium. Characterisation of marrubenol, a diterpene extracted from Marrubium vulgare, as an L-type calcium channel blocker. Br J Pharmacol. 2003 Dec;140(7):1211-6. Epub 2003 Nov 03. PMID: 14597602 [PubMed-indexed for MEDLINE].
Estudo sobre o seu efeito hipotensor:
* El Bardai S, Lyoussi B, Wibo M, Morel N. UFR Physiologie-Pharmacologie, Faculte des Sciences Dahar-Elmahraz, Fes, Maroc. Pharmacological evidence of hypotensive activity of Marrubium vulgare and Foeniculum vulgare in spontaneously hypertensive rat. Clin Exp Hypertens. 2001 May;23(4):329-43. PMID: 11349824 [PubMed-indexed for MEDLINE].
Neste estudo, investigou-se a capacidade hipotensora do marroio e do funcho, observando-se que a ação do marroio se devia ao seu efeito diurético e a do funcho à sua ação antiespasmódica vascular.
Estudo sobre a sua contraindicação na gravidez:
* Kchouk M, Chadli A. On the abortive properties of white horehound (marrubium vulgare L.). Arch Inst Pasteur Tunis. 1963 Jun;40:129-32. PMID: 14085249 [PubMed-OLDMEDLINE for Pre1966].
Estudos sobre a sua composição:
* Pesquisas realizadas para ver a composição de princípios ativos do marroio vulgare L. deram conta da presença de princípios amargos, álcool diterpeno, flavonoides, óleos essenciais, etc. Por outro lado, foi também detetada a presença de antraquinonas (extraídas pela técnica descrita pela Farmacopeia Britânica para cascara sagrada e aloé). Na fração de geninas livres verificou-se a presença de crisofanol, aloemodina e dantron, enquanto que na da hidrólise ácida (que indica a presença de O-heterosídeos) apenas se detetou dantron. O teste de hidrólise oxidativa, que indica a presença de C-heterosídeos, deu negativo. Ramírez C.; López de Ruiz R. y Ruiz S. - Univ. Nacional de San Luis. Área de Farmacognosia de la Facultad de Química, Bioquímica y Farmacia. 1999.
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