Arbusto formado por uma
rizoma subterrânea, que produz ramos aéreos ortotropas de até 1 m de altura,
eretos e rígidos, verde escuro, persistentes e muito ramificados, cobertos de
apêndices em forma de folha lanceolada e com ponta rígida e afiada, mas
realmente são ramos achatados, as folhas verdadeiras são escamas diminutas,
pequenas, membranosas e aparecem nos eixos dos ramos achatados. A parte
importante deste arbusto é a rizoma que corresponde à zona subterrânea. É rugosa,
amarela, tem cerca de 10 cm de estrutura fibrosa e compacta. As folhas são
pequenos catafilos lanceolados, membranosas e não-fotossintéticas. Nos eixos
destes formam-se ramos curtos, achatados, ovais ou lanceolados, até 5 x 2,5 cm,
terminados num espinho. Trata-se de filoclados (ramos transformados, com aparência
de folhas) que substituem as folhas, levando a cabo a fotossíntese (o resto do
caule, não modificado, também é fotossintético). As flores dioicas, trímeras,
hemafrodita, actinomorfas estão inseridas na face superior, acima do nervo
central dos filoclados, um pouco abaixo do seu ponto médio (acima, à direita).
São machos ou fêmeas, dependendo da planta, pequenas, com um perigónio de 6 tépalas,
em dois verticilos. Androceu formado por 3 estames fundidos pelos seus
filamentos (de cor violeta). Gineceu tricarpelar de ovário súpero. A planta é
dioica, com pés masculinos (as suas flores têm o gineceu apenas diferente) e femininos
(flores com androceu rudimentar) separados. O fruto é uma baga globosa,
esférica, de até 15 mm de diâmetro, de cor vermelha intensa, com uma ou duas
sementes que amadurecem no inverno. Pertence à família das Liliaceaes.
É uma planta nativa do
Mediterrâneo, Europa e África e, normalmente, encontra-se na França,
Grã-Bretanha, Europa Central e Meridional, mas a altitudes inferiores a 700 m,
sudoeste asiático e norte de África. Aparece em vegetação rasteira de floresta
verde e mista, em lugares sombrios e húmidos, e especialmente em solos
calcários, fazendo parte do matagal que acompanha os sobreiros e sua degradação
a madronais ou urzeiros.
Floresce entre maio e
julho e os frutos amadurecem entre o outono e o inverno. A raiz grossa, que é
geralmente colhida no outono, tem uso medicinal. Esta raiz não tem odor, mas
tem um sabor inicialmente doce que depois se torna ligeiramente amargo. Brota
de rizomas subterrâneas e todos os anos produz rebentos novos e rígidos. As
flores femininas produzem, no inverno, bagas redondas brilhantes e vermelhas,
que em alguns lugares são usadas como ornamento de Natal, pelas suas
impressionantes bagas vermelhas e pela resistência e ostentação das suas folhas
falsas, de grande parecença os seus frutos com os de azevinho, o que leva a uma
deterioração considerável das populações desta espécie, tão marcante e
característica das nossas florestas. Outra espécie do mesmo género, Ruscus
hipophyllus, cresce espontaneamente em alguns lugares da península e também é
usada como um ornamental, apresentando folhas maiores e largas.
É também conhecida por:
Rusco, acebillo, brusco, azevinho menor, murta selvagem, escobina, vassoura de talhante,
verdenace, albernera, galzeran, bergabuxo, boix marí, bucheta, bucho marinho,
buixo marinho, bujarreta, buxardina, buxarreta, buxareta, buxeta, buxo marinho, ramalhete, fragon. O Brusco (arbusto) é
chamado de "vassoura do talhante" do facto dos antigos talhos
mediterrânicos usarem os caules e folhas desta planta rústica para varrer os
restos de carne e sangue do chão. Os antigos gregos chamaram ao rusco "myacantha"
(espinho ladrão), porque nos meios rurais envolviam-se com ela os pregos a
partir dos quais se pendurava o enchido, para torná-lo inacessível aos ratos.
Em alguns lugares, os
rebentos jovens, são consumidos de forma semelhante aos espargos. As sementes
são utilizadas como substituto do café.
Parte utilizada
Rizoma e raízes.
Princípios ativos
Saponinas esteroides. A
hidrólise total dos saponosídeos fornece 2 geninas esteróides espirostânicas: a
ruscogenina (derivado hidroxilado em 1ß
da diosgenina) e a neoruscogenina, que difere da anterior por ser substituída
pelo metilo 25 por um metileno exo, as configurações dos outros centros
assimétricos são idênticas. A união heterosídica estabelece-se mediante o hidroxilo
na posição 3. Também contém ruscina e ruscosídeo.
Flavonoides: rutosídeo,
hesperidosídeo.
Benzofuranos: euparona e
ruscodibenzofurano.
Óleo essencial. O
conteúdo é pequeno (cerca de 3 ml por 50 kg) e a composição complexa: tem mais
de 200 componentes, dos quais 30 são encontrados numa proporção superior a 1%
no óleo essencial. Também estão presentes hidrocarbonetos alifáticos (por
exemplo, heneicosano, pentacosano), geraniato de metilo e numerosas substâncias
terpénicas não específicas.
Resina.
Contém também
ruscobenzoxepina, cumarinas, esparteína, tiramina, ácido glicólico, taninos,
fitoesteróis e sais de potássio.
Ação farmacológica
O rusco é uma planta
medicinal tónica venosa por excelência. Considera-se a solução vegetal com uma
maior ação sobre a circulação venosa.
Vasoconstritora, venotónica,
antiedematosa e anti-inflamatória devido aos saponosídeos (ruscogenina) e aos flavonoides (rutosídeo).
O efeito vasoconstrictor parece ser mediado pelo cálcio ou por ativação direta
dos recetores alfa-1 e alfa-2 adrenérgicos. Aumentam o tom das paredes venosas,
diminuindo o seu calibre, melhoram a ação das válvulas venosas e aumentam o
retorno venoso. Isto leva a uma redução do volume de sangue e à pressão
exercida sobre as paredes. Estes fenómenos não afetam a pressão arterial.
Outros autores atribuem o
efeito vasoconstrictor com um bloqueio dos recetores pós-sinápticos alfa adrenérgicos
dos músculos lisos da parede vascular e com uma ação direta sobre as células da
parede venosa (provavelmente por uma ação antioxidante). Experimentalmente,
provou-se que o extrato de rusco inibe a estase venosa. Estudos realizados em
hamsters mostram que o prazosin e o dultiazem bloqueiam a inibição do aumento
da permeabilidade induzida pela histamina, enquanto que a rauwolscina não, o
que indica que o efeito venoconstritor alcançado com Ruscus é mediado pelo
cálcio e recetores alfa-adrenérgicos, ao nível da microcirculação.
Além disso, têm atividade
anti-elastase, parte do sistema enzimático envolvido na degradação de
componentes estruturais perivasculares, mas estão inativos contra a
hialuronidase. Esta ação ajuda a explicar a sua utilidade no tratamento de
doentes com insuficiência venosa crónica.
Vasoprotetor-capilarotropo
(ação vitamínica P) (ruscogenina, neoruscogenina, rutosídeo), ou seja, aumentam
a resistência capilar e reduzem a fragilidade e permeabilidade dos capilares
que contribui para diminuir o edema. Estas substâncias inibem,
significativamente, o aumento da permeabilidade causada por mediadores de
respostas inflamatórias, tais como a bradiquinina, o leucotrieno B4 e a
histamina. Também facilita a drenagem da linfa.
Antihemorroidal (saponosídeos,
flavonoides).
Diurético clorúrico (sais
de potássio) e azoturico (saponosídeos e óleo essencial) que contribui para a
sua ação anti-edematosa.
Antirradicalar (rutosídeo).
Outras ações: Aperitivo,
depurativo, anti-artrítico, sudorífico e febrifugo.
Indicações
* Uso interno:
Prevenção e tratamento da
insuficiência venosa crónica: varizes, hemorróidas, anite hemorroidal . Deve
ser utilizado em conjunto, por via externa e interna.
Prevenção da fllebite e
tromboflebite, recuperação pós-flebite.
Fragilidade capilar, cuperose.
Edema dos membros inferiores,
dor e sensação de peso nas pernas, problemas venosos dos membros inferiores,
devido à ingestão da pílula contracetiva.
Afeções urinárias:
cistite, uretrite, oligúria, litíase renal.
Excesso de peso
acompanhado de retenção de líquidos.
Metrite (inflamação do
útero), adnexite (inflamação dos anexos: trompas de falópio e ovários),
dismenorreia (menstruação dolorosa), fluxo abundante e síndrome pré-menstrual.
Hiperazotemia (abundância
de substâncias nitrogenadas no sangue), hiperuricemia, gota e reumatismo
articular.
Um estudo indica que pode
ser útil na prevenção da retinopatia diabética.
Um estudo sugere que o
rusco também pode ser útil na inflamação dos braços (linfodema) seguido da
cirurgia do cancro da mama.
Alguns autores consideram
que, devido às suas propriedades venotrópicas, o Ruscus pode ser útil no
tratamento da hipotensão ortostática crónica. Ao contrário de muitos outros
tratamentos com medicamentos para esta condição, o Ruscus aculeatus não causa
hipertensão supina.
* Uso externo:
Loções para depois do
barbear ou depois de banhos de sol.
Contraindicações
Hipersensibilidade a
qualquer um dos seus componentes.
Gravidez: A gilbardeira
não deve ser utilizada durante a gravidez devido à ausência de dados que sustentem
a sua segurança. Foi realizado um estudo descontrolado em 20 mulheres grávidas
que ingeriram esta planta para o tratamento da insuficiência venosa, e não
demonstraram quaisquer efeitos embriotóxicos ou outros efeitos adversos.
Lactação: Não se sabe se
os componentes do rusco são excretados em quantidades significativas com o leite
materno, e se isso pode afetar a criança. Recomenda-se parar de amamentar ou
evitar a administração de gilbardeira.
Insuficiência renal e
hematuria.
Hematemese e melenas.
Precauções e Interações com
medicamentos
Em doentes com
hipertensão, doença cardíaca ou insuficiência renal moderada ou grave, a gilbradeira deve ser utilizada com precaução,
devido ao seu efeito diurético, e só deve ser feita por prescrição médica e sob
supervisão médica, dado o perigo que pode implicar o fornecimento descontrolado
de líquidos ou a possibilidade de descompensação da tensão.
O consumo acidental das
bagas, especialmente em crianças, pode provocar vómitos, diarreia e convulsões.
Interações com medicamentos:
Anti-hipertensivos antagonistas
alfa-adrenérgicos (por exemplo, prazosina, terazosina). A gilbardeira, devido
ao seu teor de tiramina pode precipitar uma crise hipertensiva, no caso de ser
consumida juntamente com estes medicamentos.
Inibidores da mono-amino-oxidase
(IMAO). A gilbardeira, devido ao seu teor de tiramina, pode precipitar uma
crise hipertensiva, no caso de ser consumida juntamente com estes medicamentos.
Efeitos secundários e toxicidade
Não foram reportadas
reações adversas nas doses terapêuticas recomendadas. Em doses elevadas, em
tratamentos crónicos ou em indivíduos particularmente sensíveis, podem ocorrer
reações adversas:
Digestivas. Raramente
produzem náuseas, vómitos, úlceras pépticas. Os saponosídeos por via oral
irritam a mucosa gástrica e podem provocar intolerância gástrica com náuseas e
vómitos. Estes efeitos podem ser atenuados, adicionando plantas demulcentes
tais como malva, o malvavisco ou a camomila doce.
Cardiovasculares. Hipotensão.
Endócrinas. Ginecomastia.
As bagas podem causar
vómitos, diarreia e convulsões em crianças que, atraídas pela sua cor,
acidentalmente as consomem.